Sabemos todos que a esclerose múltipla (EM) é uma doença que afeta a mielina que envolve os neurônios, por isso, denominada de “desmielinizante”. Sabemos que por ter intensa atividade de células imunitárias é considerada “inflamatória”. E por existir perda de neurônios com o passar do tempo, é considerada também “degenerativa”. A evolução de uma pessoa para outra pode ser bastante diferente e imprevisível. Ou seja, cada paciente apresenta uma característica muito própria.
Na maioria dos pacientes a EM se manifesta através de “surtos” ou “ataques” de sintomas neurológicos, podendo ocorrer recuperação completa ou parcial. Esses sintomas considerados “surtos” devem durar mais de um dia e não estarem associados a febre, infecção ou esforço físico extremo. Esta forma “com surtos” acomete principalmente jovens entre 20 a 40 anos e principalmente as mulheres. Você consegue descrever os surtos que já apresentou? Este dado é muito relevante.
Falamos da maioria dos pacientes, mas, e a “minoria”? Não apresenta “surtos”? Poderia uma mesma doença apresentar-se de forma tão diversa?
A descrição inicial da esclerose múltipla ocorreu em 1868, feita pelo médico francês Jean Martin Charcot. Conceitos essenciais trazidos por Charcot ainda são úteis hoje, mas muita coisa mudou de lá para cá. Para termos o diagnóstico da EM é necessário que exista (1) acometimento de múltiplas áreas no sistema nervoso e (2) que este acometimento não tenha ocorrido todos de uma única vez.
Posto as informações acima, quatro formas da esclerose múltipla foram descritas: a EM Remitente Recorrente (EMRR); a EM secundariamente progressiva (EMSP); a EM primariamente progressiva (EMPP), e a EM progressiva recorrente (EMPR).
Entretanto, recentemente, essas formas foram revisadas e a EMPR foi abolida enquanto a síndrome clínica isolada, do inglês, clinically isolated syndrome (CIS) foi incorporada. Mas o que exatamente seriam essas formas?
Apesar de toda evolução obtida desde a descrição da doença feita por Charcot no século XIX, a ausência de um teste específico para a EM torna o diagnóstico correto ainda um desafio. Eventual erro diagnóstico poderia acarretar implicações significativas não apenas para os pacientes e seus familiares, mas também para o sistema de saúde. A definição das formas clínicas, aqui mencionadas, permite ao neurologista avaliar o prognóstico e definir o tratamento específico.
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