Enfrentamento: coping e a esclerose múltipla

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Que a esclerose múltipla é uma doença crônica, neurodegenerativa e desmielinizante, certamente, você que chegou até aqui já sabe. Mas como as pessoas com esclerose múltipla se adaptam à nova condição de vida, às possíveis limitações e aos sentimentos gerados após o diagnóstico?

Você já ouviu falar em estratégias de coping? Isso pode ser novidade!

Por coping se entende o esforço feito pelo sujeito para integrar consequências de ordem física, social ou psicológica causadas por determinada doença. Enfrentamento é a tradução, e diz respeito à forma de comportar-se diante de um perigo ou algo ameaçador. É uma estratégia humana para lidar com as mudanças. Várias são as mudanças necessárias para dar continuidade ao desenvolvimento em relação a crenças e atitudes, valores, prioridades e critérios.

De modo geral, a esclerose múltipla pode afetar diversos aspectos físico-funcionais, assim, provocando alterações significativas nas atividades diárias e podendo pôr em jogo a autonomia.

Além disso, as limitações impostas pela doença podem causar diversos comprometimentos emocionais. O aspecto psicológico é extremante importante, e estudos comprovam que o equilíbrio emocional, quando abalado, interfere de forma negativa no prognóstico da doença. Porém, à medida que for trabalhado, é possível conseguir retomar a vida cotidiana, o trabalho e relacionar-se com o meio e esta nova condição de vida.

Algumas das estratégias de enfrentamento utilizadas são:
– releitura positiva do fato e crescimento;
– foco;
– uso de apoio social;
– enfrentamento ativo;
– negação;
– enfrentamento religioso;
– dissociação comportamental;
– uso de apoio emocional;
– aceitação;
– planejamento;
– reorganização das atividades.

Essas estratégias são utilizadas como enfrentamento e cada pessoa encontrará aquela(as) que mais facilitará sua adaptação às mudanças. Estudos apontam que mulheres com esclerose múltipla recorrem a estratégias de enfrentamento mais direcionadas ao apoio e suporte social.

Novos modos de ação produzem novos modos de pensar, sentir e agir, dessa forma, o indivíduo se percebe capaz de conduzir sua vida de forma satisfatória, o que não acontece quando compreende o mundo de forma negativa.

A maioria das pessoas com esclerose múltipla que revelam expectativas positivas de vida manifestam menos sintomas de natureza depressiva que possam ser relacionados, inclusive, aos prejuízos cognitivos trazidos pela própria doença.

Seja parceiro de sua saúde ─ trate a esclerose múltipla com realismo e flexibilidade; mantenha forte os laços afetivos, assim como tenha propósito e metas de vida; fale sobre suas preocupações e sentimentos; encontre uma rotina de atividades adequadas ao seu perfil e também tenha momentos de relaxamento no seu dia a dia; evite coisas negativas; não subestime o valor de suas crenças espirituais, e, por fim, divirta-se sempre que possível! Essas são algumas dicas para que você reflita e encontre suas próprias estratégias de enfretamento.

Vanessa Marques Ferreira Jorge

Psicóloga do Centro de Medicina e Reabilitação Lucy Montoro Santos. Graduada bacharel em psicologia pela Universidade Católica de Santos. Especialista em psicologia hospitalar pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) e pós-graduanda em Neuropsicologia pelo Centro de Estudos em Psicologia da Saúde (CEPSIC). Atou por 4 anos como psicóloga da Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas - FMUSP. Desenvolve pesquisas na área de esclerose múltipla, sexualidade, ansiedade e depressão.

Ver comentários

  • Eu me orgulho de você, querida sobrinha. Sempre que eu chegava, aí, vinha medir a sua altura com a minha. Ficou pequenina, no tamanho, sim, mas cresceu em conhecimentos, em sabedoria. Isso que importa. Soube trilhar o caminho que Deus reservou para você. Sucesso. Muitos beijos nossos

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