A esclerose múltipla (EM) é uma doença desmielinizante, inflamatória e imunomediada do sistema nervoso central. Acomete preferencialmente mulheres entre 20 e 40 anos, sendo uma das principais causas de incapacidade entre adultos jovens. Infelizmente ainda não existe um tratamento curativo para a doença. Porém, a introdução das drogas modificadoras de doença mudou o curso da história dos pacientes com EM. Isso porque essas drogas parecem conferir melhor prognóstico e progressão mais lenta para a incapacidade segundo um estudo recente que avaliou pacientes com EM por 15 anos.
No Brasil, estima-se que 40000 pessoas convivam com a Esclerose Múltipla, uma incidência media de 15 casos para 100000 habitantes. Atualmente existem algumas opções de drogas modificadoras de doença liberadas para uso oral e injetável em nosso país. Em setembro de 2019, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou mais uma opção de medicação para o tratamento de pacientes com EM Remitente Recorrente. A Cladribina, já aprovada em outros países, incluindo os Estados Unidos, é uma opção de droga oral e de administração por curto período de tempo.
A Cladribina é uma terapia de reconstituição da resposta imune que atua sobre os linfócitos B e T de forma seletiva. Os linfócitos T e B são importantes células do nosso sistema imune. Eles desempenham um papel complexo na EM, ativando uma cascata inflamatória e anticorpos dirigidos contra vários componentes do sistema nervoso central (SNC). A cladribina, quando em doses elevadas dentro das células, leva à morte desses linfócitos reduzindo a agressão às células do SNC. Dessa forma, ocorre uma atenuação da resposta imune do individuo levando a redução da carga de doença das pessoas com EM.
A cladribina é uma medicação de alta eficácia e disponível para administração por via oral. Isso é uma grande vantagem quando comparada às medicações injetáveis. Ela é administrada em dois cursos separados pelo intervalo de um ano. O primeiro curso é administrado por quatro a cinco dias consecutivos de um mês. No mês seguinte, repete-se a mesma dose em quatro a cinco dias. O segundo curso da medicação ocorre um ano após o primeiro. Novamente é feita a administração na mesma dosagem e pelo mesmo intervalo de tempo. Ou seja, no total, o paciente recebe o máximo de 20 dias de medicação via oral nos dois primeiros anos do tratamento.
Nenhuma medicação é isenta de efeitos colaterais. No caso da cladribina os principais eventos adversos foram principalmente linfopenia (redução de linfócitos no sangue) e infecção. Em dois estudos, o CLARITY e o CLARITY Extension, a linfopenia grave foi improvável de ocorrer na dose aprovada para uso. Esses dois estudos avaliaram de forma retrospectiva pacientes com EM RR que receberam a cladribina comparando àqueles que receberam placebo.
Outros eventos adversos possíveis são dor de cabeça, aumento de risco de infecções herpética, nasofaringite, rash cutâneo e alopecia.
A cladribina está indicada no tratamento de paciente com Esclerose Multipla Remitente Recorrente e Secundariamente Progressiva. No entanto, para alguns pacientes a medicação está contraindicada e portanto não deve ser administrada. São esses pacientes com cirrose hepática, doença renal crônica, câncer, HIV ou tuberculose. Outra contra indicação é o uso prévio de imunossupressor como Ciclofosfamida, azatioprina ou metotrexato. A medicação não está indicada também para mulheres grávidas e em amamentação, além de homens que planejam engravidar durante o tratamento. Isso pelo risco de mal formação em fetos. Por esse motivo, é importante o uso de método contraceptivo durante o tratamento e o intervalo de pelo menos seis meses entre a ultima dose e a gestação.
Antes do início do tratamento é importante verificar se não existe qualquer uma das contraindicações acima para que a droga mais adequada seja instituída. É recomendada também a obtenção de uma Ressonância Magnética de Encéfalo de base ao início do tratamento.
A Cladribina é uma medicação aprovada já em vários países ao redor do mundo com eficácia comprovada por estudos. A medicação, que tem também o benefício de ser administrada por via oral, parece reduzir a taxa anual de surtos entre os pacientes que a receberam. Além disso, foi observada redução estatisticamente significativa tanto no risco de progressão de deficiência sustentada quanto no número de lesões cerebrais na ressonância magnética. É mais um avanço no cuidado e tratamento dos pacientes com a Esclerose Múltipla.
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