Já mencionamos o papel do microbioma intestinal na esclerose múltipla e na neuromielite óptica (NMO) com vocês em nossos eventos on-line e aqui no site de forma breve. Agora, abordaremos este tema com mais profundidade, dada a sua crescente importância, começando por este conteúdo sobre o papel do microbioma intestinal na saúde humana. Acompanhe conosco este e os próximos artigos sobre este fascinante tema.
Antes de falarmos sobre o microbioma, gostaríamos de mencionar algumas palavras sobre o genoma – a sequência de genes que compõem o nosso DNA.
Graças ao Projeto Genoma Humano, um dos grandes feitos da história liderado por uma equipe internacional de pesquisadores, conseguimos mapear todos os genes de nossa espécie, Homo sapiens.
Iniciado em 1º de outubro de 1990 e concluído em abril de 2003, o Projeto Genoma Humano nos deu a capacidade, pela primeira vez, de “ler” o código genético completo da natureza para a construção de um ser humano. Para a saúde, marca o início da transição da medicina baseada em evidências (mais “genérica”) à medicina genômica (mais “individualizada”).
Porém, após sua conclusão em 2003, muitos pesquisadores ficaram de certa forma perplexos com seu inesperado resultado… Os genes codificadores no genoma humano foram encontrados em número muito menor do que o esperado!
As variações genéticas no genoma do ser humano não seriam suficientes para explicar a complexidade das diferenças entre os indivíduos. Exatamente… Faltavam genes para explicar tantas funções existentes.
Foi quando o microbioma humano ganhou destaque, com a promessa de que estudar sua composição permitiria melhor entendimento das diferenças como reagimos em relação a um alimento, medicamento ou agente infeccioso.
Usamos o termo “microbiota” quando nos referimos a todas as comunidades de micróbios que vivem em um determinado ambiente, sendo também chamada de “flora” ou “microflora”. Cada um de nós carrega trilhões de micróbios, cujos genes são estimados em pelo menos 100 vezes mais numerosos do que nossos genes codificadores, como mencionamos acima.
Já o termo “’microbioma” refere-se a um micro ecossistema (micro + bioma) ou à soma da microbiota e dos genes de seus membros. Pode representar todo o ambiente em que residem os micróbios.
A ciência mais recente mostra que nossa imunidade inata – aquela que primeiro faz contato com agentes infecciosos – depende de um microbioma intestinal saudável.
Além disso, as condições que representam algumas das principais causas de mortalidade em todo o mundo estão ligadas a mudanças observáveis na microbiota intestinal humana, incluindo obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer.
Já entre as condições inflamatórias, esclerose múltipla, neuromielite óptica, artrite reumatóide, doença inflamatória intestinal, asma e até alergias também têm sido associadas à disbiose (desequilíbrio da microbiota intestinal). Se causa ou efeito, ainda não sabemos.
Muitos estudos vêm demonstrando como as alterações do microbioma se relacionam com as respostas do nosso sistema nervoso, sistema endócrino, sistema imune, ou mesmo, se correlacionam com uma grande quantidade de distúrbios, condições ou patologias.
É importante entender que a microbiota intestinal é composta por microrganismos que convivem conosco de forma harmoniosa e que tendem a nos fazer bem quando mantidos em equilíbrio.
O revestimento intestinal abriga 70% das células que compõem nosso sistema imunológico e a ingestão dos alimentos certos que alimentam nossos microrganismos podem ajudar a manter a integridade da barreira intestinal.
Dependendo do equilíbrio e aptidão da microbiota intestinal, nossa resposta imunológica pode se mostrar forte e resistente, ou debilitada. Nutrir nosso ecossistema intestinal pode ser uma das maneiras mais profundas em que podemos reforçar nossa resposta imunológica.
Nutrir nosso ecossistema intestinal pode ser uma das maneiras mais profundas em que podemos reforçar nossa resposta imunológica.
Quando nossa barreira intestinal é saudável, ela atua como uma das primeiras linhas de defesa contra doenças e enfermidades. Há situações em que a membrana que protege o intestino fica danificada (ou “permeável”), permitindo que substâncias tóxicas e bactérias intestinais caiam na corrente sanguínea.
À medida que se acumulam nessas áreas, as toxinas e metabólitos que secretam podem levar a reações inflamatórias que danificam os tecidos e levam ao desenvolvimento de condições crônicas. Esta é uma das muitas razões pelas quais é importante o restabelecimento do revestimento intestinal.
Muitos microrganismos comensais ajudam a manter a saúde do revestimento intestinal através do metabolismo das fibras e da produção do butirato – um nutriente para as células do revestimento intestinal. Quando nosso microbioma produz adequadamente o butirato, este ajuda nosso revestimento intestinal a permanecer forte e intacto. Por outro lado, nosso revestimento intestinal protege as bactérias comensais quando são detectados patógenos.
Muitos microrganismos comensais ajudam a manter a saúde do revestimento intestinal através do metabolismo das fibras e da produção do butirato.
Constantemente a nossa microbiota intestinal é exposta a inúmeros fatores externos como dieta e estresse, que podem alterar a sua composição. Uma das formas de tratamento de diversas doenças e condições é realizada através da modulação intestinal.
Um estudo publicado recentemente mostrou a importância da atividade física na modulação intestinal aumentando a diversidade das bactérias no intestino, algo muito benéfico. O exercício físico é capaz de reduzir o tempo das fezes no trato gastrointestinal, reduzindo o contato dos patógenos com o trato gastrointestinal, e consequentemente com o sistema circulatório, diminuindo a ação negativa deles no organismo.
Além disso, é capaz de aumentar as enzimas antioxidantes, citocinas anti-inflamatórias e diminuir as inflamatórias, causando uma redução geral da inflamação intestinal. Muito interessante, não? Lembramos apenas de, antes de iniciar um programa de exercícios físicos, procurar um profissional para avaliar sua saúde.
Os artigos publicados que relacionam a atividade física e microbiota intestinal mostram que a atividade moderada é a “melhor” para a saúde do nosso intestino. Nessas atividades o fluxo sanguíneo intestinal permanece estável durante sua realização. O mesmo não se observa nos praticantes de atividades intensas por período superior a 1 hora.
Os artigos publicados que relacionam a atividade física e microbiota intestinal mostram que a atividade moderada é a “melhor” para a saúde do nosso intestino.
Lembre-se sempre: a prática de atividade física de forma moderada causa diversos benefícios para a saúde, e isso inclui a saúde do nosso intestino! Além da atividade física, outro ponto fundamental para a saúde intestinal é uma dieta equilibrada e saudável, capaz de otimizar a saúde do intestino.
A dieta é um dos principais fatores que moldam o nosso microbioma e sua influência é vista desde a infância até a velhice. A alimentação pode afetar a sobrevivência e metabolismo das bactérias da microbiota intestinal, causando alterações no padrão de colonização e gerando processos inflamatórios no nosso organismo.
Uma microbiota intestinal saudável e equilibrada resulta em um desempenho normal das funções fisiológicas, o que irá assegurar melhoria na qualidade de vida. Uma produção elevada de substâncias inflamatórias no organismo favorece o aparecimento de diversas doenças, como câncer, doença inflamatória intestinal, obesidade, entre outras.
Além do mais, estudos demonstraram que não somente a ingestão dietética mas também a microbiota intestinal são fontes de micronutrientes essenciais ao funcionamento do sistema imune. Para tudo isso funcionar da melhor forma possível, algumas dicas:
Desde a conclusão do Projeto Genoma Humano, a descoberta e mapeamento do Microbioma Humano e seus metabólitos revelou importante relação com a manutenção da saúde, enquanto seu desequilíbrio, com inúmeros distúrbios. Para o restauro e manutenção deste equilíbrio, atividade física e dieta adequada são dois ingredientes fundamentais. Com isso, conseguimos que os microrganismos que habitam nossos intestinos produzam substâncias saudáveis com os alimentos que nós os alimentarmos, e não sejam fonte de substâncias inflamatórias nocivas.
Em breve falaremos mais sobre este tema. Até lá!
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