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NEDA – você sabe o que é?

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Nenhuma Evidência de Doença Ativa, ou apenas “NEDA”, também chamada de ausência de atividade da doença, é um novo conceito que está surgindo no tratamento da esclerose múltipla.

O que todos queremos no tratamento da esclerose múltipla, especialmente na sua forma mais comum, a remitente recorrente (EMRR), é que consigamos com todas as medidas empregadas e ainda com o medicamento escolhido atingir um ponto em que não tenhamos mais nenhuma das três situações a seguir: (1) surtos; (2) aumento na incapacidade (conforme medido pela EDSS) e (3) lesão nova ou ativa nas ressonâncias magnéticas.

No passado, o tratamento de pessoas com EMRR se concentrava apenas na redução do número de surtos ou recaídas. A pessoa com esclerose múltipla iniciaria uma medicação modificadora de doença (imunomodulador) moderadamente eficaz, evoluindo para medicamentos alternativos somente após o primeiro ter se mostrado ineficaz, permitindo a atividade da doença na forma de recidivas.

No entanto, surtos podem não ser um indicador suficiente da atividade da EM. A inflamação causada pela EM nem sempre resulta em recaída ou sintomas visíveis. Essa atividade silenciosa da EM pode significar que há alterações causadas pela doença que só podem ser vistas à ressonância magnética, por exemplo.

No entanto, surtos podem não ser um indicador suficiente da atividade da EM.

O objetivo da NEDA é chegar a um ponto em que você esteja livre da atividade silenciosa da doença, bem como de alterações visíveis clinicamente.

Este conceito “livre de doença” é baseado em uma abordagem de tratamento que foi considerada bem-sucedida no tratamento de pessoas com câncer e artrite reumatóide. A idéia é iniciar o tratamento com medicamentos modificadores da doença (DMD) o mais rápido possível após o diagnóstico para evitar o acúmulo de sintomas e danos nos nervos.

Caso você não responda ao tratamento e a atividade da EM for detectada, seu tratamento será analisado para considerar a mudança para outro medicamento que pode ser mais eficaz.

O conceito de NEDA ainda está evoluindo, mas seguimentos de longo prazo mostram que poder alcançar este critério de NEDA está fortemente relacionado a um melhor status de saúde e menor incapacidade 16 e 21 anos depois.

Embora um número crescente de neurologistas especialistas na área esteja incentivando essa abordagem proativa e precoce para gerenciar a EMRR, nem todos terão a mesma opinião e algumas orientações ainda não refletem essa estratégia. Se você tem EMRR, levante a questão do tratamento precoce e como ele pode se aplicar a você.

NEPAD

Para aqueles com EM progressiva, o objetivo da NEPAD, ou ‘nenhuma evidência de progressão ou doença ativa’, é considerado por alguns como mais apropriado que o NEDA. Na EMRR, ou remitente recorrente, as recidivas são clinicamente importantes e sua frequência orientará as decisões de tratamento.

Nas formas progressivas de esclerose múltipla, o aumento da incapacidade é a principal preocupação e, portanto, mais ênfase é colocada em retardar ou impedir a progressão.

O conceito de NEPAD foi introduzido como parte do trabalho realizado para avaliar a eficácia do Ocrevus (ocrelizumabe). Além da medida de incapacidade da escala EDSS, os pesquisadores também analisaram os testes de caminhada (para avaliar a função das pernas) e o teste de 9 pinos (para avaliar a função dos braços) para medir se o medicamento estava diminuindo o acúmulo progressivo de incapacidade.

Além dos itens mencionados neste post como surtos, progressão e lesões novas ou ativas vistas à ressonância magnética, outros parâmetros podem ser incluídos para monitorarmos a doença e garantirmos que não está havendo inflamação ativa “oculta”. Um deles que provavelmente logo estará disponível para nós é a dosagem de neurofilamentos, motivo para um outro post.

Rodrigo Kleinpaul

Neurologista e pesquisador do Centro de Investigação de Esclerose Múltipla da Universidade Federal de Minas Gerais (CIEM-UFMG). Possui Doutorado em Medicina pela UFMG com ênfase em Esclerose Múltipla. Atualmente é Coordenador da Neurologia do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais e Neurologista Assistente do Hospital das Clínicas de Minas Gerais - UFMG. Coordena juntamente com Dr. Thiago Junqueira o Esclerose Múltipla Brasil.

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Rodrigo Kleinpaul

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