Esclerose Múltipla Recorrente-Remitente: Novas definições e desafios terapêuticos

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A Esclerose Múltipla Recorrente-Remitente (EMRR) é a forma clínica mais comumente encontrada entre os portadores da doença, próximo de 80% dos casos. Esta forma clínica é caracterizada por exacerbações (surtos) seguidas por um grau variável de melhora do déficit neurológico, podendo ocorrer resolução completa ou parcial dos sintomas, não havendo uma piora clínica dos déficits neurológicos entre os surtos ou exacerbações.

Recentemente, um grupo composto por vários experts da Europa e EUA revisou e atualizou a terminologia empregada na definição das formas clínicas na Esclerose Múltipla com o objetivo de uniformizar dados clínicos e avaliar da melhor maneira a resposta terapêutica nos novos estudos.

Diferentemente da proposta inicial de 1996, a qual subdividia a forma EMRR em um subgrupo com melhora total após o surto e outro com melhora parcial, propuseram dividir, a partir de 2013, em duas formas de apresentação baseando-se na presença ou não de novos surtos e/ou a presença de novas lesões na ressonância magnética: EMRR forma ativa e EMRR forma inativa. Enfatizaram, desta forma, a importância da ressonância magnética não só para o diagnóstico, mas também como um marcador para acompanhamento da atividade da doença, dando relevância ao aparecimento de novas lesões, mesmo que assintomáticas.  A evidência de atividade da doença, que por entendimento atual reflete a ocorrência de processo inflamatório ou neurodegenerativo em curso, poderá influenciar as decisão de mudar o tratamento em curso.

Com o intuito de minimizar possíveis confusões conceituais, este grupo também redefiniu e priorizou o termo “piora ou agravamento da doença“ para os pacientes que funcionalmente pioram seu quadro clínico independente da fase da doença e o termo “progressão da doença“ exclusivamente para os pacientes que apresentam uma piora na fase progressiva da doença (veja o artigo sobre a forma secundariamente progressiva da doença).

A forma EMRR, além de representar a forma clínica mais comum, representa também a forma clínica com melhor resposta aos imunomoduladores, imunossupressores e aos anticorpos monoclonais, diferentemente das formas progressivas da doença. Estatísticas iniciais indicam que 85% dos casos na forma EMRR evoluem após 10 anos para a forma EM secundariamente progressiva. Com o objetivo de reconhecer estes pacientes com piora clínica da doença e para aperfeiçoar esta terapêutica, criaram-se as escalas EDSS (Expanded Disability Status Scale) e a escala MSFC (Multiple Sclerosis Functional Composite Measure), hoje amplamente utilizadas na prática clínica e nos estudos clínicos para acompanhamento dos pacientes.

Novos critérios empregados pelo neurologista, como o de Rio e colaboradores modificado, surgiram com o objetivo de simplificar e reconhecer, de forma mais objetiva, os pacientes sob risco para piora clínica da doença. Várias terapias recentes têm surgido para modificar o cenário terapêutico e melhorar a evolução de todos que apresentam a forma recorrente-remitente da doença.

Marcus Vinícius Magno Gonçalves

Neurologista pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (HC-FMRP-USP). Membro da Academia Brasileira de Neurologia. Membro do Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla e Doenças Neuroimunológicas (BCTRIMS).Endereço: CHU – Complexo Hospitalar Unimed Rua Orestes Guimarães, 905 - América- Joinville-SC Telefone: (47) 3441-9555.

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