Apesar de acometer majoritariamente adultos jovens na faixa dos 20 a 40 anos, a esclerose múltipla pode ocorrer, eventualmente, em adolescentes e, mais raramente, em crianças muito jovens, com menos de 10 anos de idade. Seu diagnóstico é mais complexo nestas situações, assim como o seu tratamento, que deve ocorrer em centros especializados.
Estima-se que mais de 30.000 crianças e adolescentes com menos de 18 anos vivam com EM no mundo, representando cerca de 1,5% do total de pacientes.
As causas da doença ainda não estão claramente definidas. Sabe-se que há uma predisposição genética associada a fatores ambientais, como a baixa exposição ao sol e baixos níveis de vitamina D, tabagismo passivo e obesidade na infância. A obesidade, além de ser um fator de risco é também um fator de mau prognóstico, pois crianças obesas tendem a evoluir pior. Daí a importância de uma alimentação saudável e equilibrada.
O tratamento tem sido feito com betainterferonas e acetato de glatirâmer (Copaxone), com estudos mostrando redução na progressão de incapacidade. Mais recentemente foi incorporado o fingolimode (Gilenya) a este grupo, para crianças com mais de 10 anos, mostrando benefícios adicionais de eficácia.
No caso da betainterferona 1a subcutânea (Rebif), disponível para uso a partir dos 12 anos havia, até recentemente, contraindicação em bula para uso em crianças com idades menores, pela escassez de dados disponíveis. A novidade, recente, é que a medicação passa a não ser mais contraindicada para crianças entre 2 a 12 anos, a primeira entre as drogas imunomoduladoras.
À medida que os estudos avançam, mais opções de tratamento passam a estar disponíveis para esclerose múltipla pediátrica, uma condição rara e desafiadora, que exige resiliência da criança e dos pais desde muito cedo.