No último dia 06 de abril o Ministério da Saúde (MS) tornou pública a portaria de atualização do PCDT (Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas) para Esclerose Múltipla. A recomendação da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) levou em consideração a eficácia e segurança dos dois novos medicamentos incorporados, a teriflunomida (Aubagio®) e o fumarato de dimetila (Tecfidera®), ambos administrados por via oral.
Teriflunomida
A terifluromida (Aubagio®) é um agente imunomodulador e anti-inflamatório que atua no bloqueio da proliferação de linfócitos ativados, diminuindo a inflamação e o dano causado à mielina no sistema nervoso central. Foi incluído para uso como agente de 1a linha de tratamento, juntamente com o glatirâmer e as betainterferonas.
Fumarato de dimetila
Já o fumarato de dimetila (Tecfidera®) atua regulando positivamente os genes antioxidantes dependentes de Nrf2. Assim como a teriflunomida, está aprovado para o tratamento da esclerose múltipla recidivante (forma surto-remissão), mas foi posicionado como fármaco de 2a linha para o tratamento.
O Tecfidera® demonstrou reduzir significativamente medidas importantes de atividade da doença, incluindo recidivas e desenvolvimento de lesões cerebrais, bem como retardar a progressão da incapacidade ao longo do tempo, demonstrando um perfil de segurança e tolerância favorável. Uma preocupação em relação ao seu uso é a ocorrência de alguns casos de leucoencefalopatia multifocal progressiva (LEMP).
Os casos de LEMP que ocorreram em pacientes em uso de Tecfidera® se deram naqueles em que o medicamento promoveu redução dos linfócitos de forma prolongada, motivo pelo qual se recomenda a monitorização do leucograma antes de se iniciar o tratamento e a cada 3 meses.
Críticas ao PCDT 2018
Sem dúvida a existência de novas opções para o tratamento farmacológico da Esclerose Múltipla é um enorme avanço. Entretanto, uma das críticas que deve ser feita ao atual PCDT é que acabou-se dificultando ainda mais a utilização de fármacos como o natalizumabe (Tysabri®), considerado de “alta eficácia”, agora listado como de 4a e última linha. Explico melhor, a seguir.
Tanto a prática clínica quanto diversos estudos vêm mostrando que, nos casos mais severos da doença, a utilização dos tratamentos considerados mais “fortes” no início da doença se fazem necessários, justamente para conter a fase inflamatória inicial e impedir a ocorrência de surtos e sequelas. Mas o PCDT, infelizmente, não contempla esta situação.
Para a próxima atualização do PCDT, espera-se a inclusão de mais três novos medicamentos, a saber: o alemtuzumabe (Lemtrada®), o ocrelizumabe (Ocrevus®) e a cladribina (Mavenclad®). Todos foram devidamente analisados pelo Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla e Doenças Neuroimunológicas (BCTRIMS) e pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN) conforme Consenso Brasileiro de Tratamento Farmacológico da Esclerose Múltipla, proposto pelas duas entidades, em fase de publicação. Esperamos que o mesmo venha a ser acatado para a próxima atualização do atual PCDT.
Demais medicamentos disponíveis no SUS
Além das novas tecnologias incorporadas, o SUS também dispõem de outros medicamentos e procedimentos para o tratamento da EM. Para conhecer a lista completa acesse este link.