“Fadiga” é o sintoma mais frequentemente relatado pelo indivíduo portador de Esclerose múltipla (EM), sendo reportado por 50-80% dos pacientes. Além da frequência elevada, para muitos pacientes este é considerado o sintoma mais incapacitante, dentre os demais.
Mills e Young em 2007 apresentaram uma definição um pouco mais completa e detalhada do que o termo fadiga representa para os portadores de EM: “Um prejuízo REVERSÍVEL de ordem motora e/ou cognitiva, com redução da motivação e desejo de repouso, que surgem de forma espontânea ou após alguma atividade física ou mental, umidade, ou ingestão de determinados alimentos. Pode ocorrer em qualquer momento, mas é geralmente pior durante as tardes, podendo ocorrer até mesmo diariamente”.
A fadiga que ocorre na EM é diferente da que é percebida por indivíduos saudáveis ou até em outras doenças. Costuma ter uma carga de estresse físico e psicológico, especialmente na realização das tarefas de vida diária; a fadiga ocorre mais frequentemente nos tipos primariamente e secundariamente progressivas de Esclerose Múltipla; geralmente piorada pelo calor e umidade; os pacientes percebem que têm de empregar um esforço desproporcionalmente grande para desempenhar uma tarefa específica e impacta enormemente sua auto-estima, seu trabalho e sua qualidade de vida.
Como Avaliar a Intensidade da Fadiga
Há 5 escalas de avaliação de fadiga, mas a mais utilizada é um questionário de 9 questões sobre o nível de fadiga no funcionamento diário do indivíduo, denominada FSS – “Fatigue Severity Scale”.
Causas da Fadiga
As causas da fadiga podem ser divididas em primárias (relacionadas diretamente à Esclerose Múltipla) ou secundárias, em que outras situações estejam promovendo a fadiga, como por exemplo: síndrome das pernas inquietas, síndrome da apnéia obstrutiva do sono, insônia crônica, depressão, e uso de medicamentos que promovam sonolência, como benzodiazepínicos, determinados relaxantes musculares, e alguns analgésicos.
Por todas as causas apresentadas, sempre que um paciente se queixa de fadiga, deve ser avaliado quanto à presença de algum dos distúrbios do sono citados, depressão, ou uso de medicamentos com efeito “sedativo”.
Tratamento Medicamentoso
O tratamento medicamentoso conta com poucas opções com efeito comprovado. Dentre os possíveis tratamentos com comprovação de efeito, pode-se utilizar a AMANTADINA (Mantidan®) e o MODAFINIL (Stavigile®). São tratamentos que costumam atuar nas causas primárias da fadiga na Esclerose Múltipla.
Quando estão presentes as causas secundárias de fadiga, pode-se usar tratamentos direcionados para a causa subjacente, como por exemplo, pramipexole na síndrome das pernas inquietas, zolpidem para insônia primária, e uso de CPAP (equipamento respiratório) para a síndrome da apneia obstrutiva do sono.
Referências
- Braley TJ, Chervin RD. Fatigue in Multiple Sclerosis: Mechanisms, Evaluation, and Treatment. Sleep 2010;33:1061-1067.
- Induruwa I, Constantinescu CS, Gran B. Fatigue in Multiple Sclerosis. Journal of the Neurological Sciences 2012;323:9-15.