O conceito de alta atividade de doença vem sendo muito discutido nos últimos anos ou décadas. Isso em função do fato de precisarmos identificar com clareza quando um paciente tem uma doença mais grave e necessita de tratamento adequado.
O que aprendemos nos últimos anos é que as formas de esclerose múltipla “altamente ativa” ou “com alta atividade” se beneficiam de tratamentos mais eficazes, disponíveis no Brasil mais recentemente, para uso clínico.
Neste contexto, importante que cada um que tenha a doença possa olhar para si, para seus sintomas, para quantos surtos apresentou e em qual intervalo de tempo e para seus exames de ressonância magnética e identificar se seu quadro se encaixa neste conceito. Este conhecimento certamente ajudará o seu neurologista na consulta e no planejamento do melhor tratamento.
Sabemos que o tempo durante a consulta é muito valioso, pois temos muitas queixas a serem colocadas para o médico. Levar as informações sobre a “atividade da doença” de forma mais clara e objetiva ajudará bastante no aproveitamento deste momento com o médico neurologista, que deve ter, idealmente, “expertise” ou formação adicional em tratar pacientes com esclerose múltipla.
Definindo a alta atividade
Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla (PCDT) No 582, de dezembro de 2020, aprovado pela Portaria Conjunta Nº 3, de 5 de fevereiro de 2021, do Ministério da Saúde, as formas clínicas da esclerose múltipla podem ser divididas de acordo com o prognóstico e atividade.
A atividade, na esclerose múltipla, pode ser determinada pela ocorrência de surtos (“instauração de episódios clínicos”) e/ou aparecimento de novas lesões à ressonância magnética (“lesões captantes de gadolínio e/ou lesões novas”).
Estes dois conceitos são bastante importantes: o primeiro, por ser clínico, diz respeito aos sintomas e sinais apresentados. Quantos surtos ocorreram? Foram graves? Em qual intervalo de tempo? Ficaram sintomas residuais (sequelas) destes surtos? Foram bem tratados ou não? Tudo isso é levado em consideração.
O segundo conceito diz respeito em relação ao aparecimento de novas lesões no exame de ressonância magnética, que pode ser feito do crânio e da coluna, para avaliar a medula espinhal em sua extensão.
A atividade da doença reflete a existência de um processo inflamatório ou neurodegenerativo ativo, o qual pode afetar o prognóstico, ou seja, quão bem um indivíduo estará no futuro, daqui a 5, 10 ou 20 anos.
Aplicando o conceito de alta atividade na prática
Dito isto, vamos decifrar os critérios estabelecidos para definir a esclerose múltipla altamente ativa? Acompanhe conosco as duas situações possíveis:
Em pacientes ainda não tratados (virgens de tratamento):
- Presença de dois (02) ou mais surtos nos últimos 12 meses e pelo menos uma lesão captante de gadolínio à ressonância magnética ou, na ausência da lesão captante, se houver aumento de ao menos duas lesões em T2.
Em pacientes já em tratamento com alguma medicação específica para EM (seja imunomodulador ou imunossupressor), que tenham boa aderência e regularidade no uso:
- Presença de um (01) ou mais surtos nos últimos 12 meses durante o tratamento com a medicação e pelo menos uma lesão captante de gadolínio à ressonância magnética ou, na ausência da lesão captante, se houver nove ou mais lesões hiperintensas em T2.
Naturalmente, a tarefa de definir a doença como alta atividade é do médico neurologista que o acompanha, após minuciosa avaliação com exame neurológico e interpretação dos achados de ressonância magnética. Porém, sempre estimulamos que nossos pacientes entendam o que utilizamos para esta definição. A escolha do tratamento passará por inúmeros fatores, sendo a atividade de doença provavelmente o mais importante deles.
Referência:
Material desenvolvido em parceria com a Sanofi Genzyme. MAT-BR-2104598