Desde 2006 celebramos, em 30 de agosto, o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, criado para dar mais visibilidade à doença e às necessidades de seus portadores. O dia foi escolhido em homenagem à Ana Maria Levy, fundadora da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), nascida nessa data. Estima-se que, atualmente, cerca de 40 mil brasileiros convivam com a Esclerose Múltipla. Entenda a doença e saiba quais são os sintomas a seguir.
O que é?
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica que afeta o cérebro e a medula espinhal. A estrutura principal acometida são os revestimentos dos neurônios, uma substância chamada mielina. Na EM ocorrem lesões inflamatórias que afetam este revestimento, interferindo na transmissão dos impulsos nervosos, podendo causar graus variáveis de incapacidades.
Muitos são os sintomas. Enquanto alguns têm crises frequentes com recuperação nos intervalos, conhecida como Esclerose Múltipla recorrente-remitente, em outros os sintomas continuam a se agravar sem recuperação, e o distúrbio é denominado EM progressiva.
Quem é mais afetado?
Em geral a doença se manifesta em jovens, entre os 20 e 40 anos, e as mulheres são mais acometidas, em geral de pele mais clara.
Quais são as causas?
A Esclerose Múltipla é um distúrbio autoimune, assim como o Lúpus ou a tireoidite de Hashimoto (a que causa o hipotireoidismo). Entretanto, a EM pode ser deflagrada por um vírus ou influenciada por fatores ambientais em indivíduos geneticamente predispostos, sendo o risco de desenvolver EM maior entre parentes próximos. Fatores de risco conhecidos incluem a menor exposição solar, sobrepeso ou obesidade na adolescência, tabagismo. Possivelmente a disbiose intestinal (distúrbio da flora intestinal) venha a ser incluída nesta categoria.
E os sintomas?
Os sintomas podem durar dias ou semanas e então desaparecer por meses ou anos. Podemos citar a fadiga tanto física quanto mental, problemas de concentração e memória (sobretudo de curto prazo), além de humor mais deprimido. São frequentes também turvação da visão e dolorimento dos olhos (neurite óptica), fraqueza em qualquer parte do corpo, desequilíbrio e tontura, problemas para urinar (urgência miccional, quando não aguentamos segurar muito tempo a urina ou, até mesmo, incontinência) e distúrbio de ereção nos homens. Felizmente não ocorrem conjuntamente, demorando muitos anos para irem aparecendo.
Como é diagnosticada?
O diagnóstico de Esclerose Múltipla é feito pelo neurologista, devendo-se descartar outras doenças. Para isso, lança mão da ressonância magnética do crânio e medula, e exames laboratoriais. Incluindo a análise do estudo do líquor (LCR).
Em geral, a ressonância magnética mostra áreas anormais no cérebro e medula espinhal, que podem ser sugestivas da EM. Infelizmente não temos ainda um exame específico para esta condição.
Quais são as opções de tratamento?
Ainda não conseguimos curar a Esclerose Múltipla, mas os tratamentos disponíveis buscam diminuir a ocorrência dos surtos (crises), desacelerando a progressão da doença. Muito importante se corrigir a deficiência de exposição solar e de vitamina D, fazendo uso de suplementos quase que em todos os casos, para se manter níveis adequados.
Hoje dispomos de medicamentos de muito alta eficácia, para os casos mais severos, que apesar de terem um perfil de segurança que exija o seguimento pelo especialista, têm proporcionado aos pacientes liberdade para tocarem suas vidas muito bem. São exemplos de medicamentos disponíveis: os injetáveis Copaxone e as Betainterferonas (Avonex, Rebif, Betaferon), além do oral Aubagio (todos medicamentos de “entrada”, assim digamos), os orais Tecfidera e Gilenya, para formas de gravidade intermediária, e os endovenosos Tysabri, Lemtrada e Ocrevus para os casos mais severos, com muitos surtos ou lesões vistas à RM de crânio.